O Que é a Blasfêmia contra o Espírito Santo?
Muitos cristãos estão preocupados com a blasfêmia contra o Espírito Santo. Esta questão sobre ter blasfemado contra o Espírito Santo é uma que me deparo quase sempre que discuto sobre o assunto, seja nas minhas aulas ou durante conversas privadas com amigos.
A dúvida normalmente surge quando um pensamento de negação se opõe a uma profecia ou a qualquer outra ação atribuída (seja legitimamente ou não) ao Espírito.
Quem é o Espírito Santo?
Muitas seitas pseudo-cristãs retratam o Espírito Santo como uma força impessoal, que opera sob o comando de Deus, quase como uma ferramenta ou uma “força ativa” de Deus. Para reforçar as suas crenças, alguns manipulam as escrituras sem hesitação, oferecendo interpretações alegóricas de textos simples.
Estes textos não deixam margem para dúvidas de que o Espírito Santo não é apenas uma entidade autônoma, mas sim o próprio Deus – a Terceira Pessoa da Trindade Divina.
Porque blasfemar contra ele é mais perigoso?
Conforme estabelecido anteriormente, o Espírito Santo, sendo Deus, constitui a terceira pessoa da Divindade. Ele serve como intermediário inicial e final entre a humanidade e o Senhor.
Em primeiro lugar, para que uma pessoa compreenda de forma abrangente a obra da redenção e obtenha acesso à graça de Deus, a iluminação do Espírito é imperativa.
O próprio Cristo transmitiu aos seus discípulos: “E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” (João 16:8).
Paulo afirma este princípio aos romanos: “Mas vós não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” (Romanos 8:9).
Em segundo lugar, é crucial reconhecer que o Espírito serve como a ligação final antes do regresso do Senhor nos ares. É Ele quem acompanha a Igreja e conduz o povo de Deus pelos caminhos justos do Senhor. (João 16:7).
Através do Espírito Santo, Cristo reside dentro de nós. ”Mas quando esse Espírito da verdade vier, ele irá guiá-lo em toda a verdade; porque ele não falará de si mesmo, mas falará tudo o que ouvir, e vos anunciará o que está por vir.” (João 16:13).
Portanto, Cristo realizou o seu ministério através do Espírito (o dedo) de Deus (Lucas 11:20), e após a ascensão do nosso Salvador, o Espírito foi enviado a nós. É ele quem prepara a Igreja até os momentos finais do povo de Deus na Terra.
A Blasfêmia Contra o Espírito Impede a Cura
O Teólogo Augustus Strong, em sua obra sobre Teologia Sistemática, citando JWA Stewart, enfatiza que compreender o papel do Espírito na igreja e sua orientação é crucial.
Ele afirma: “Sem a obra do Espírito Santo, a redenção teria sido impossível…Cristo é o médico que deixa o remédio e vai embora. O Espírito Santo é o enfermeiro que aplica e administra o medicamento e permanece junto ao paciente até a cura completa” (STRONG, 2019).
É evidente que o Espírito se envolve ativamente com a humanidade, convencendo do pecado (João 16:8), iniciando a regeneração (João 3:5), marcando os indivíduos como propriedade exclusiva de Deus (Efésios 1:13), capacitando-os para o testemunho (Atos 1:8). ), e mais.
Portanto, pecar contra o Espírito Santo torna impossível a regeneração e a comunhão com o Pai e o Filho. O Espírito Santo serve como garantia (Ef 1.14) da salvação, e blasfemar contra Ele é um ato irreversível de rebelião, imperdoável.
”Pois quem semeia na sua carne, da sua carne colherá a corrupção; Mas quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gálatas 6:8).
O Que é Blasfemar contra o Espírito Santo?
Podemos explorar pelo menos dois textos nas escrituras para entender esse assunto. Um gira em torno de uma declaração feita pelo próprio Senhor Jesus Cristo perante os escribas, conforme registrado no livro de Marcos.
Ele declarou: “Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca obterá perdão, mas estará sujeito ao julgamento eterno” (Marcos 3:29). O outro exemplo é encontrado no livro de Hebreus, onde parece descrever o mesmo pecado com algumas distinções, que analisaremos a seguir (Hebreus 06:04, 06).
O Pecado dos Escribas e Fariseus
Nos Evangelhos de Mateus, Lucas e Marcos, encontramos o relato de um encontro entre Jesus e os escribas. Eles o acusam de expulsar demônios pelo poder de Belzebu, como afirma:
“E os escribas, que haviam descido de Jerusalém, disseram: Ali está Belzebu, e pelo príncipe dos demônios ele expulsa demônios” (Marcos 3: 22).
Jesus realiza um ato extraordinário ao expulsar um demônio de um homem cego e mudo, libertando-o do mal. A multidão atônita exclama: “Não é este o filho de Davi?”
No entanto, Marcos identifica um certo grupo, rotulado como os Escribas, e Mateus como os Fariseus, que o questionam, atribuindo este feito milagroso a forças demoníacas (Marcos 3:22; Mateus 12:22; Lucas 11:14).
Enquanto o povo reconhece a messianidade da obra milagrosa de Cristo, os líderes religiosos desafiam-no apressadamente, com o objectivo de destruir as esperanças do povo relativamente ao reino vindouro.
Isto indica um conflito cada vez mais profundo entre as autoridades religiosas e Cristo, a ponto de associar uma prática um tanto corriqueira de exorcismo, mesmo realizada pelos “filhos” daquela geração, à influência demoníaca (Mateus 12:27).
Jesus refuta magistralmente a blasfêmia dos escribas e fariseus com um argumento lógico que desmantela completamente a sua acusação.
Ele questiona como seria possível para Satanás expulsar o próprio Satanás, afirmando: “E se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir” (Marcos 3:25).
Cristo argumenta que um reino dividido está destinado ao fracasso e que se ele expulsa demônios através do poder de Deus, segue-se logicamente que o Reino de Deus chegou.
Esta afirmação, que ilumina a essência de Cristo e dos seus feitos, é uma indicação da obra do Espírito de Deus. Revela que o Reino começou a sua manifestação, embora não tenha atingido a sua plenitude.
Pecado Imperdoável
Cristo demonstra que o Espírito valida suas ações e que sua autoridade sobre os demônios emana de Deus. Ele articula:
“Ou, como pode alguém entrar na casa de um homem forte e roubar seus bens, a menos que primeiro restrinja o homem forte e depois saqueie sua casa?” (Mateus 12:29).
A gravidade da situação aumenta quando Jesus pronuncia o julgamento por suas blasfêmias, afirmando: “Portanto, eu vos digo: Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens” (Mateus 12:31).
O texto sugere que a blasfêmia dos líderes religiosos é mais severa do que se eles tivessem blasfemado contra o Pai ou contra o próprio Cristo. Isto sublinha que o pecado contra o Espírito é irremediável e sem volta.
Para compreender o significado completo do texto, deve-se considerar o contexto mais amplo das escrituras e concentrar-se nas ações intencionais dos escribas e fariseus.
John Wesley afirma apropriadamente: “Isto não é nem mais nem menos do que atribuir ao poder do diabo aqueles milagres que Cristo realizou pelo poder do Espírito Santo”.
O Pecado dos Cristãos Hebreus
No livro de Hebreus o autor se depara com uma situação parecida daquela vivida por Jesus com os Fariseus, de uma forma mais específica, é claro. Pois os Hebreus, eram convertidos e haviam experimentados as benevolências da graça divina, e estavam se afastando em busca de experiências ritualísticas do passado.
A Igreja dos Hebreus estava sob forte perseguição, e alguns desanimados questionavam, alguns pontos da fé.
As provações e certamente uma forte influência Judaizante, faziam com que a igreja se voltasse aos antigos costumes, questionando a Cristo, e desejando voltar aos sacrifícios e símbolos da Antiga Aliança. Assim, se afastando da graça de Deus e pisando o sangue de Cristo.
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, ⁵ E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, ⁶ E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. (Hebreus 6:4-6)
A Situação de apostasia e blasfêmia, fez com que o autor os lembrassem : “Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” (Hebreus 9:11-12)
Blasfêmia e Apostasia
Esses cristãos foram seduzidos pela opulência dos sacrifícios e festivais nas leis de Moisés, a ponto de desejarem voltar às antigas tradições. Ao fazê-lo, abandonaram a iluminação concedida pelo Espírito a respeito da revelação e do cumprimento da Nova Aliança em Cristo.
Conseqüentemente, eles desconsideraram o significado do sangue do Senhor, cometendo apostasia ao rejeitar a iluminação anterior fornecida pelo Espírito de Deus: “Porque se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados”. (Hebreus 10:26, 27).
A gravidade de sua transgressão é destacada: “Quão maior castigo vocês acham que será julgado digno aquele que pisar o Filho de Deus e considerar profano o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e fizer ofensa a o Espírito da graça?” (Hebreus 10:29).
Entendendo a Blasfêmia Contra o Espírito Santo
O autor de Hebreus exorta os cristãos desta igreja a evitarem o pecado da apostasia, um pecado intimamente ligado à blasfêmia contra o Espírito Santo.
No encontro entre os fariseus e Jesus, cometeram a “blasfêmia” ao negar a realidade evidente de que se Cristo expulsasse demônios, era uma clara manifestação do “Dedo de Deus”.
Não se tratava apenas de uma negação verbal, mas de uma rejeição de uma verdade tangível, tudo em detrimento da manutenção do controlo sobre o povo, ao qual não estavam dispostos a renunciar.
No contexto bíblico, muitos indivíduos devotos reconheceram que Cristo havia sido enviado por Deus. Isto ficou evidente no encontro de Jesus com Nicodemos, que se aproximou dele à noite e disse:
“Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. ” (João 3:2)
Portanto, no caso dos hebreus, a blasfêmia constitui um ato deliberado de rebelião após a iluminação. Significa um abandono da fé depois de experimentar a regeneração.
Embora esses dois momentos tenham sido separados, no cerne da blasfêmia estava a rejeição da verdade do Espírito, quer ela ocorresse antes ou depois da conversão.
Concluindo
O homem comete blasfêmia contra o Espírito Santo quando rejeita deliberadamente o Espírito Santo, seja negando a verdade quando confrontado com ela antes da conversão (Marcos 3:22), ou renunciando a ela depois de ser iluminado pela graça, apostatando assim da fé (Hebreus 10:29).
O Pecado Imperdoável ou Blasfêmia contra Deus se manifesta quando um indivíduo, possuindo conhecimento da fonte de um milagre ou ação divina, rebela-se conscientemente, recusando-se a aceitar ou negando abertamente. Esse pecado pode ser cometido tanto por quem ainda não se converteu quanto por quem já provou das bênçãos da graça de Deus.
Jorge A. Ferreira
Cristão Protestante, Casado , pai de quatro filhos, Bacharel em Teologia, Licenciando em Filosofia pela Universidade Paulista (UNIP) e Diretor e Palestrante do Seminário À Luz da Bíblia.