Introdução aos (Pais Apostólicos)
Talvez como evangélico, haja alguém que ainda não ouviu falar, ou ainda não conhece muito bem os Pais Apostólicos. Sendo assim, farei uma breve introdução sobre estes homens no qual sem seus esforços, dedicação e devoção à Deus o evangelho não teria chegado a nós.
Quem Foram os Pais Apostólicos?
Os primeiros séculos da era cristã, foi um período de grandes realizações para a causa de Cristo. O mundo até então pagão e submerso em superstições, foi impactado pela mensagem do evangelho por homens e mulheres que cheios do poder de Deus anunciavam as boas notícias de salvação, e em consequência de tais atos, foram perseguidos e maltratados como malfeitores, passando por atrocidades e martírios nunca vistos na história da humanidade.
Pais da Igreja
Alguns deles foram crucificados, queimados, jogados às feras e submetidos as piores atrocidades que a mente corrompida humana pode imaginar. Se tornando heróis e mártires para os defensores da fé, e ao contrário, a escória para aqueles que se negavam aceitar a benevolência do Deus verdadeiro.
Entre eles, estão aqueles que a tradição denominou de “Pais da Igreja“, justamente pela bravura e dedicação com que defenderam sua fé, diante das tribulações e fúria do adversário das almas.
Sucessores dos Apóstolos
Os Pais Apostólicos são um seleto grupo de cristãos, apontados pela tradição como sucessores dos Apóstolos e viveram entre os séculos I e II DC. Geralmente são associados à algum apóstolo, no qual conheceram ou receberam seus ensinamentos.
O Termo “Pais Apostólicos” é tradicionalmente usado para designar a coleção dos primeiros escritos existentes após o Novo Testamento. Os tais documentos, escritos no período pós-apostólico (70-150 d.c.) foram e ainda são uma fonte importante para entendermos os costumes e rumo tomado pelas primeiras comunidades cristãs.
Principais Pais Apostólicos
Entre os pais da igreja mais conhecidos, estão aqueles que de alguma forma a tradição reconheceu algum contato com algum Apóstolo de Cristo.
CLEMENTE DE ROMA (30-100 d.C.)
Clemente era um cristão que gozava de grande autoridade em sua época, exerceu uma influência excepcional entre seus pares. Orígenes e Eusébio de Cesaréia afirmam sua parceria com Paulo, conforme mencionado em Filipenses: “E peço-te também, meu verdadeiro companheiro, que ajudes estas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros co- obreiros, cujos nomes estão no livro da vida” (Filipenses 4:3). Tertuliano conta que Clemente recebeu a consagração das mãos do apóstolo Pedro.
Os Atos dos Mártires, que datam do século IV ou V dC, narram o exílio de Clemente na península de Querosene, situada nas proximidades do Mar Negro. Lá, ele teve um fim trágico, lançado às águas com uma âncora fixada no pescoço. Este relato é um testemunho de sua fé inabalável e de seu sacrifício final.
Principais Obras: Escreveu uma Epístola chamada de 1o Clemente, escrita de Roma por volta de 95 d.C., para a igreja em Corinto.
INÁCIO DE ANTIOQUIA (35-108 d.C.)
De acordo com a História Eclesiástica de Eusébio, Inácio é considerado o segundo bispo de Antioquia, sucedendo a Evódio: “Mas, depois que Evódio, o primeiro, foi estabelecido sobre os Antioquianos, Inácio, o segundo, reinou no tempo de que falamos.”
Inácio conheceu o martírio em Roma sob o reinado de Trajano (97-117 DC). Durante a sua viagem a Roma, ele abraçou de bom grado a perspectiva do martírio, articulando o seu fervoroso desejo de não renunciar ao privilégio de sacrificar pelo seu Senhor em cartas a várias igrejas.
No ano 108, ele confrontou feras selvagens no Anfiteatro Romano, selando seu legado de fé e devoção inabaláveis. Este relato ilumina Inácio como uma figura resoluta, resolutamente comprometida com a sua fé, mesmo diante de perigos mortais.
Foi um opositor feroz contra as heresias gnósticas e exalava uma preocupação intensa pela unidade da Igreja.
Principais Escritos: escreveu sete cartas no caminho rumo ao martírio em Roma; Carta aos Efésios, Carta aos Romanos, Filadélfia, Esmirna, Trálios, Magnésia e Policarpo
POLICARPO (69-155 d.C.)
Este talvez seja o mais conhecido de nossa lista- Foi discípulo do apóstolo João, provavelmente nasceu em 70 d.C. Eusébio atesta que ele absorveu a sabedoria diretamente dos apóstolos e habitou entre aqueles abençoados por terem contemplado o Senhor. Além disso, ele ocupava a estimada posição de bispo da Ásia, um encargo sagrado que lhe foi conferido pelos apóstolos dentro dos muros sagrados da Igreja de Esmirna.
Parece que Policarpo compartilhou a companhia de luminares de sua época: Inácio, Irineu, Aniceto de Roma e Marcião. Diante dos ensinamentos desviantes de Marcião, Policarpo permaneceu firme, denunciando-o como “o primogênito de Satanás”. Segundo o testemunho de Irineu, Policarpo escreveu numerosas missivas dirigidas à comunidade e aos bispos, tendo apenas a sua epístola aos Filipenses resistido ao teste do tempo, uma preciosa relíquia do seu profundo legado espiritual.
Em um dos seus escritos que trazem o seu nome é nos dada à narrativa de sua morte. Devido a sua idade, quiseram fazê-lo negar o nome de Jesus e assim escapar com vida, ao que ele respondeu: “Eu tenho servido a Cristo por 86 anos e Ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou?”. Quando o colocaram na fogueira, dizem que o fogo não o queimou, e então seus inimigos o apunhalaram até a morte e depois o queimaram.
Escrito Preservado: Carta aos Filipenses
PAPIAS (70-140 d.C.)
Papias, o enigmático bispo de Hierápolis, emerge dos anais da história principalmente através das penas de Eusébio e Irineu. Ele possuía uma curiosidade insaciável, um buscador insistente das raízes das origens cristãs. Foi Pápias quem primeiro deu vida à tradição de que Marcos, como intérprete de Pedro, se comprometeu a escrever os feitos e ensinamentos do Senhor, embora não de forma estritamente cronológica: “Marcos, que foi intérprete de Pedro, colocou por escrito, embora não em ordem, quanto ele se lembrava do que o Senhor havia feito.”
Na narrativa contada por Irineu de Lyon, Pápias deleitava-se nos ensinamentos do apóstolo João, enquanto Eusébio, com uma linha divergente, afirma que era discípulo de um João distinto, o reverenciado “presbítero”, em vez do apóstolo.
Escritos: Deixou-nos apenas fragmentos, ecos de seus profundos insights sobre a igreja cristã primitiva.
A Importância dos Pais Apostólicos
Como vimos até aqui, os pais da igreja ou “apostólicos”, foram homens de tremenda fé e perseverança. Escreveram diversas obras e ajudaram de forma assídua a expansão e consolidação da igreja nos primórdios.
Assim, como os Apóstolos de Cristo, sofreram martírios e deram testemunhos de sua fé, através do sofrimento.
Suas vidas e testemunho, servem como um alerta e incentivo à igreja cristã. Pois ao viverem como cristãos, não temeram a morte diante dos ataques dos adversários, e nos ensinam claramente, que a vida cristã não é o mar de rosas que os pós modernos pintam, mas que através da fé e graça de nosso Senhor é possível vencer o mundo, os homens e satanás.
Jorge A. Ferreira
Cristão Protestante, Casado , pai de quatro filhos, Bacharel em Teologia, Licenciando em Filosofia pela Universidade Paulista (UNIP) e Diretor e Palestrante do Seminário À Luz da Bíblia.